A Covid chegou na minha casa exatamente 2 anos e 2 meses depois do início da pandemia.
Foram muitos meses sentindo um medo profundo e ao mesmo tempo essa benção dos Deuses por ter sido poupada da visita desse fantasma demoníaco do século XXI.
Mas ele chegou fraco e raquítico em nossos corpos, onde já habitavam fortes e ferozes, os nossos guerreiros Astra e Pfizer, protegendo firmemente nossas células e plaquetas.
Mas ainda assim ele chegou. Trazendo sua identidade e o peso de uma tragédia mundial nas costas.
Foram 10 dias de um mal estar esquisito, uma espécie de gripe com gosto amargo de morte. Eu cheguei a sentir uma falta de ar no peito que me levou à emergência do Niterói D’Or. Mas a falta de ar não era falta de ar: era o tal do motoqueiro fantasma que tinha levado meus amigos e amigos de tantos amigos. O vilão que destroçou um milhão de famílias pelo mundo, que exauriu nossos médicos, que nos fez envelhecer 20 anos em 2.
Já conto mais de 15 dias desde o meu primeiro sintoma e agora o que mais me impressiona são as tais das sequelas que esse desgraçado me deixou.
Não perdi o paladar nem o olfato e dou graças a Deus por isso, sendo a taurina que sou. Mas ficou no corpo um cansaço absurdo, ancestral, pesado e confuso. E o que eu achei que era uma dor muscular de uma velhinha de 95 anos com artrite e artrose, ontem descobri que era o início de uma herpes zoster na perna. Meu Deus.
Parece que tem sido comum essa catapora evoluída se desenvolver no pós-covid, mas vamos combinar, que provação divina esse outro vírus agora atacando meus nervos. Literalmente.
Sei que estou com a imunidade baixa. Exausta. E que as coisas da vida não andam nada coloridas. Mas caramba, fui no dicionário buscar o significado da palavra “sequela” e descobri que ela é a própria metáfora da vida.
“Uma alteração anatômica e funcional permanente sendo causada por uma doença ou um acidente”. Ou, a vida, como ela é.
Sequelas são cicatrizes. Aquilo que nos deixam marcas profundas. No fundo no fundo, a vida nada mais é do que uma coleção pitoresca de sequelas.
Porque viver deixa sequelas.
Arriscar-se deixa sequelas.
Amar deixa sequelas.
Escolhas – acertadas ou não – deixam sequelas.
Envelhecer deixa sequelas.
E eu confesso que estou exausta dessa luta da vida que parece não dar trégua desde aquele fatídico março de 2020.
Nunca deixei de ter esperança de que dias melhores viriam. Mas caramba. O que é que falta para gente viver esse ano?
Eleições?
Ah é.
Então… câmbio final, desligo. Volto em 2023. Se alguém perguntar por mim, diz que fui atrás do conselho de Manoel de Barros:
“Quando meus olhos estão sujos de civilização, cresce por dentro deles um desejo de árvores e aves”
Como sempre, texto maravilhoso wue descreve muito bem o que temos passado! Vc vai ficar curada com fé em Deus minha querida! Assim eu desejo e rezo! Melhoras! Bjs!
Que coisa linda, minha amiga-irmã de alma!!! Muitas reflexões ainda virão, muitas sequelas também…que elas se metamorfoseiem em potência criadora, transformadora, curadora!!! Esse é o caminho para elas: nos fortalecer cada vez mais para os novos desafios! Te amo! Que bom que você está bem!!!
Maravilhoso encontro que tive ao me deparar com sua página. Estou encantada com a forma tão profundo que coloca os seus sentimentos em palavra e obrigada por isso. Estava procurando o livro indicado por minha psicóloga “O coração de Corali” e te encontrei. Ainda estou começando a ler seus contos e já estou me sentindo abençoada. Vi que vai dar um tempo e te aconselho a dar mesmo, porque o mundo externo está muito feio. Mas não se demore muito, porque acredito que muitos estarão esperando suas gotinhas de estímulo e força para seguirem em frente. Grata e grande beijo em seu coração.
Ana Lúcia querida! Agradeço profundamente sua presença aqui no OndeHabita! Saber que chego de alguma forma no coração de quem me lê é uma das coisas mais importantes para seguir em frente… Conhece minmha página no Instagram? Tem o mesmo nome do site e lá tenho conseguido publicar outras coisas menores e mais atuais…
Muito obrigada pela visita!
Beijos
Saudade minha irmã de alma! De te sentir aqui! Obrigada pela visita… seguimos na esperança, na fé e na alegria!
Zelinha querida! Que bom que você está sempre comigo! Te amo!