Para Henrique Band
Há certos sentimentos nessa vida que são complicadíssimos de se explicar. Ou as pessoas o sentem ou jamais entenderão aqueles que sentem.
É o caso dos filmes musicais. Outro dia um amigo meu – músico – me indagou atônito, como é que eu podia ser capaz de “amar de paixão” os filmes musicais. Eu respondi: é muito simples. É que a vida lá é exatamente como eu gostaria que fosse cá. Ele não entendeu nada. E seguiu reclamando da coisa ser muito nonsense. “É esquisito as pessoas estarem falando… e de repente! Saírem cantando”. Ué. Mas a própria vida não é esquisita? Esquisito é a gente se acostumar com as esquisitices da vida.
Dentro de mim é assim: os musicais me fazem estar num lugar onde tudo parece ser possível, onde tudo é celebrado, onde a vida consegue ser mais do que um videoclipe. É uma longa história celebrada com canções, lágrimas e gargalhadas. Eles mexem comigo porque muitos sentimentos me vêm à tona. E deixam meus cabelinhos em pé. Porque os sentimentos não são escondidos, são venerados. O sentir é celebrado com exagero. Se há tristeza, ela é cantada com drama. Se há alegria, ela é supervalorizada. Como se o mundo de repente pudesse se transformar num grande caldeirão de emoções. E nele eu pudesse me reconhecer sem medo ou vergonha.
Tá, eu sou um exagero. Eu sei. Mas ser um exagero na vida cotidiana tem seu preço. Experimenta ser assim na realidade massacrante do mundo? Destoa, gente. Fica chato. Por isso eu vivo disfarçando meu lado Piaf de ser. No musical eu me realizo. Porque me identifico. E me encontro. E me liberto, porque finalmente me aceito. Ai que coisa mais prazerosa que é a gente se aceitar!
Em Mamma Mia – filme que a Meryl Streep canta as músicas do ABBA – há uma cena antológica em que as amigas a convencem a voltar a ser uma menina divertida e despudorada como na juventude e cantam juntas “Dancing Queen”. Elas saem do quarto e vão pela linda Grécia, contaminando todo o vilarejo com sua música e entusiasmo e terminam a cena num grande pulo na água do mar! Como que alguém em sã consciência pode não se contagiar com uma cena dessas?
Como não se contagiar com a “Noviça Rebelde” quando ela dá dicas de como enfrentar o medo da tempestade aos filhos do Capitão Von Trap? Ou com a música mais linda de amor que Nicole Kidman e Ewan McGregor cantam juntos em “Moulin Rouge”? Como não cair em prantos na cena em que Anne Hathaway canta seus sonhos perdidos em “Les Miserables”? Como não explodir de excitação na cena final de “Dirty Dancing” quando Patrick Swayze mostra para aquela burguesia nojenta que dançar com paixão pode ser a coisa mais linda e pura do universo?
Ah! Como eu queria conseguir explicar pra esse meu amigo esse sensação que eu tenho de que as músicas associadas a histórias de pessoas podem ir além da própria música! E que se a gente se permitir eles podem nos servir como verdadeiros divãs. Eu faço isso todas as vezes que a vida vem querendo me pesar. E como num despertar de consciência, lembro o quanto o mundo me espanta e o quanto preciso traduzir esse espanto para o mundo. Escrevo por vocação, porque se pudesse ter escolhido um talento, com certeza teria pedido a Deus um gogó de ouro para sair cantando por aí.
Terapia para quê gente! Vai estourar umas pipocas e assistir “Cantando na Chuva” para ver que tipo de milagre pode acontecer na vida de vocês!
A seguir, um mergulho em algumas cenas citadas no texto. Divirtam-se!
Mamma Mia
https://www.youtube.com/watch?v=juTRRspWUqM
Moulin Rouge
https://www.youtube.com/watch?v=fFtssl7u7lE
Les Miserables
https://www.youtube.com/watch?v=-M2mpgwFSQ0
Dirty Dancing
https://www.youtube.com/watch?v=l9BbUqHrWFI
Cantando na Chuva
https://www.youtube.com/watch?v=-yaxcdMDcrs
Obrigada por apresentar ‘Good Morning, Baltimore’ para as minhas filhas. Limpar a casa com duas maluquinhas aos berros nunca foi tao maravilhoso😳
Te amo 😘
http://youtu.be/CJR6my7A_Vk
Gi! Sabia que alguma musical ia acabar ficando de fora! “Hairspray”! Excelente lembrança! Amo de paixão… Beijo, irmã!
Maravilhoso!!! Eu sou fissurada por musicais e também me questionam o porquê. Não dá pra explicar, só sentir! Minha alma dança e canta junto com eles! Beijo C saudades!
MÃE.
Me identifiquei total.
Vc não sabe o quanto é bom nossa vida ser (praticamente) um musical. AMO!!!! 💘
Que paixão, Tati!!! Amo musicais! Mamma Mia, então…!!! Amei o teu olhar para cada musical mencionado! – dancei com eles!
Você não acha que “West Side Story” é a melhor versão de “Romeu e Julieta”?
Ah, você não viu alguns musicais maravilhosos dos tempos de “Sete noivas para sete irmãos”, ou “Os guarda-chuvas do amor”… Você ia a-do-rar!
Fiquei até com vontade de fazer lista de musicais e sair revendo todos eles…
Sim mama! West Side Story é maravilhoso também… mas esse dos Guarda-chuvas não vi! Vou ver!