DesEsperança

Hoje acordei muito triste pelas notícias que correm nesse nosso Brasil.

Não há como estar bem com a situação desesperadora que vivemos.

Por mais que eu tente, não estou conseguindo trazer leveza ou poesia para um momento tão crítico e chocante.

Tento, tento, mas não consigo entender de que são feitas essas outras pessoas que coabitam o mesmo espaço e tempo que eu.

Se há dois anos eu me choquei com a ruptura que vivia o país que nos dividiu nas urnas, hoje tenho a mesma sensação quando saio nas ruas e vejo pessoas sem máscaras, lotando barzinhos e vivendo suas vidas como se nada fosse, como se não estivéssemos na pior fase da pior pandemia que a nossa geração já viveu.

Eu não consigo me conformar, não consigo entender. Não consigo aceitar que falte tanta empatia e compaixão à tantas pessoas.

Me lembro que quando fiz a formação em Constelação Familiar (prática terapêutica que busca resolver conflitos familiares através de gerações) uma das coisas que mais me marcou foi uma fala do Bert Hellinger (criador da técnica) sobre o Brasil. Ele costumava dizer que para sermos um país próspero e saudável, precisaríamos constelar infinitamente tudo que fizemos de mal aos nossos antepassados. Que sem essa ação de “limpeza” e cura sistêmica, o Brasil nunca iria para frente. Tudo que fizemos aos nossos indígenas, tudo que fizemos aos negros escravizados ao longo de séculos… será que hoje vivemos essa cegueira coletiva por um retrocesso energético de todo mal que já derramamos em nossa terra?

Quando nosso atual presidente foi eleito, meu susto foi tão grande que eu fiquei em choque por semanas. Liguei para minha terapeuta e pedi se peloamordedeus ela tinha como me dar uma explicação simplificada sobre essa loucura que estávamos vivendo. Foi quando ela disse com sua tradicional calma e clareza: “O Brasil merece esse presidente. O povo vai precisar passar por essa provação para entender quem é e o que fez.”

Uau.

Depois disso eu fui tentando sobreviver. Fui fazendo o meu melhor aqui no micro da minha existência. Mas quando a pandemia chegou dividindo de novo o nosso país em dois tipos de brasileiros, volto a me perguntar por que diabos eu tinha que encarnar aqui. Caramba. Por que não nasci na Nova Zelândia?

Tá. Eu já sei a resposta. Porque nós temos trabalho a fazer aqui… Mas que loucura.

Eu sei.

Eu já sei o que a minha consciência vai falar: agradece. Agradece Tatiana. Agradece sua saúde, a sua consciência. Agradece sua casa, seu alimento e sua chance de lutar todos os dias. Agradece não ter perdido ninguém da sua família para essa doença. Agradece estar viva e poder lutar.

Já tenho a palavra Coragem tatuada em mim.

Acho que tá na hora de tatuar a palavra Esperança.

O que achou?