Férias

Ah! Férias…

Como uma palavrinha tão pequena pode contemplar algo tão grandioso?

Quantos sonhos e projeções de felicidade podem morar dentro de uma mesma palavra?

A gente passa o ano inteiro sonhando com as férias. Sonhando com tempo para descansar, tempo para se divertir, tempo para fazer nada, tempo para fazer tudo. Mas quando ela finalmente chega… a gente se dá conta de que o tempo das férias é obviamente um outro tempo daquele que vivemos na rotina maluca do dia a dia. O tempo passa diferente. Aliás, o mundo fica diferente. E o que era para durar um mês, parece que só duram dez dias. Mas tudo bem. Até aí tudo bem.

Mas nessas férias eu tive a sorte de passar uns dias viajando. E a constatação que fiz nesse período foi estarrecedora.

Se puder, nunca passe férias em casa.

Viaje. Mesmo que seja logo ali para Guapimirim. Viaje. Faça uma malinha. Saia de casa. As férias só significarão “férias” se você viajar.

O que aconteceu comigo?

Esse ano eu precisei ir ao Sul para fazer um procedimento no dente. Uma amiga querida que é dentista me ofereceu a cirurgia de presente e ainda ganhei um plus a mais, porque antes passamos uns dias na casa de praia que ela tem em Itapoá, litoral de Joinville. A única coisa que eu precisava era chegar lá.

Foram dias inacreditáveis. Poucos dias que me nutriram, me descansaram, me bronzearam, me fizeram gargalhar de novo depois do fim do ano puxadíssimo que tinha tido. Mas precisamente nove dias.

Pois bem.

Quando voltei, sabia que ainda tinha quinze dias de férias pela frente. Que delícia.

#soquenão

Gente, férias em casa não existe.

Férias em casa é uma pseudoférias. Uma enganação sem fim que a vida apronta para gente.

E esse ano eu entendi o porquê. Não é só porque as funções domésticas não acabam, nem porque as demandas não sabem que você está de férias e nem porque já estamos sem grana no meio do mês: mas porque nossos fantasmas moram na nossa casa!

Quando viajei, quando sai de casa, respirei novos ares, novos lugares, em nenhum momento fui assombrada por nenhum dos problemas da vida cotidiana. Nem um único fantasminha teve a chance de me assombrar com tanta novidade acontecendo.

Mas bastou eu pisar em casa, para voltar toda a tormenta. Claro! Em casa está toda a sua projeção de mundo. Nossas alegrias, nossos sonhos, nossas frustrações, nossa exaustão, nossa esperança. Todo mundo fica ali no sofá sentadinho esperando que você tome todas as providências que precisa tomar de tudo, sem te dar nem um minuto de trégua.

Exaustivo.

Bom, pelo menos comigo é assim que acontece. Mas esse ano ter tido essa percepção me ajudou a entender que é isso mesmo. Ou a gente entra de férias e encontra um espaço neutro para descansar a alma, ou vai passar as férias tentando fugir daquilo que você não agüenta mais olhar. As lutas existem, mas pelo amor de Deus, até “da luta” a gente precisa tirar férias.

Se não, como volta abastecido e forte para começar a luta toda de novo?

O que achou?