Bom dia, Dona AstraZeneca.
Que imenso prazer te conhecer!
Seja muito bem-vinda ao meu organismo.
Entre aí pela musculatura do meu braço gordinho e fique à vontade de se espalhar por todas as veias e vielas do meu corpo! Eu te recebo com imensa gratidão. Nem acredito que finalmente estamos nos conhecendo.
Sei que por onde a senhora entrou vai ficar dolorido, mas não se preocupe que já tenho aqui arnica ou o velho e bom Vick Vaporub para massagear o local.
Pensar que veio de tão longe, não é? Oxford se não me engano. Acho chiquérrimo. Depois passou uma temporada com o pessoal da Fiocruz para dar uma garibada no visual que eu estou sabendo. Ô povo mais esforçado para nos salvar Dona AstraZeneca. Emocionante de ver… nem sei como agradecer. A eles e a todos os laboratórios do mundo que correram contra o tempo e a ciência para tentar encontrar uma solução para essa pandemia louca que nos enfiamos.
Mas é isso aí.
Espalhe esse coitado do Coronavírus por todos os cantos do meu corpo que o esquadrão antibomba já está a postos para treinar o pessoal.
Diga a ele que eu sinto muitíssimo por sua triste existência, mas não que não há como perdoá-lo depois de tudo que ele fez. Imagino que ele não tenha feito por mal. Dizem os espiritualistas que essa doença chegou para nós para uma expansão de consciência da humanidade. Mas fica difícil de explicar isso para as milhões de famílias do mundo que perderam seus amores. É uma situação muito delicada, a senhora entende.
Mas siga aí sua digna tarefa de espalhar esses bichinhos pelo meu corpo que eu sei que a guerra entre eles e os meus anticorpos não será fácil. Mas estou aqui a postos para toda e qualquer luta.
Estou preparada para as reações que eu sei que a senhora vai provocar. Eu não ligo. Acolho com alegria a dor de cabeça, a febre, os calafrios e a dor no corpo que virá. Para cada uma delas tenho um remedinho de prontidão. Só não há remédio para morte Dona AstraZeneca. Para a morte e para o medo que invadiu nossas vidas há exatos 15 meses. Por isso a senhora e as outras vacinas que estão sendo produzidas pelo mundo são tão importantes nesse momento. Porque são nossa única defesa.
Eu não sei se a senhora está acompanhando a situação do Brasil, mas a coisa por aqui está gravíssima. Nosso governante é um homem completamente louco e traçou para o Brasil uma necropolitica assustadora. Ele acha mesmo que pode decidir quem vive e quem morre por aqui. Ele, a senhora sabe quem, é um lunático e está sendo chamado por muitos de genocida. Faz ideia da gravidade disso? Parece coisa de filme da Marvel. Ele, a Capitã Cloroquina e outros personagens sinistros são no momento nossos arquinimigos. Se a pandemia já era assustadora para o planeta, aqui no Brasil o que temos vivido é um verdadeiro pesadelo. Ele foi contra a compra de vacinas até muito pouco tempo e só Deus sabe como estamos fazendo para sobreviver a esse Voldemort brasileiro. Temos tanto horror ao capiroto que nem gostamos de mencionar o nome dele.
Mas enfim, não quero mais atrapalhar seu trabalho. Cuide bem aí da minha patrulha e me ajude a ficar bem forte para caso do Coronga me aparecer de algum espirro alheio. Sabe que aqui o povo ainda resiste à máscara e ao distanciamento. É um povo que precisa ser estudado Dona AstraZeneca. A senhora nem imagina.
Mas é com imensa gratidão que me despeço. Desde já agradeço por todo o trabalho que está desenvolvendo.
Lembranças ao pessoal de Oxford.
Abraços calorosos,
Tatiana Monteiro – do distante e bucólico Condado de Pendotiba
simplesmente GENIAL! em todos os níveis!!!!!!
Maravilhoso Ti! Como todos os seu textos!
Bjo no seu coração e força para seguir nessa batalha que, pelo que me parece, ainda levará um certo tempo para findar, infelizmente.
Adorei!!!! Bjs
Quando termino de ler e vejo aqui esta pergunta “O que achou” fico querendo só fazer elogios! Parece repetitivo porque TODA VEZ é ísso: Sensacional!
Desta vez não é diferente: um texto maravilhoso! E, para um tema tão difícil e doloroso como é este da pandemia, você escreve por nós com um espírito esperançoso e cheio de gratidão, olhando com bom humor para assunto tão sério.
Gratidão Tati por escrever pra Dona Vacina, tenha ela o nome que tiver! A sua foi Dona Astrazeneca, a minha foi Dona Coronavac. Tá valendo, são irmãs.
Foi lindo e sei que o pessoal que criou essa senhora precisa receber milhões de cartas como esta.
Nossa gratidão por essa vacina não tem tamanho!
Nossa gratidão por esta carta em tão boa hora!
Espetacular!!!
É a salvação do povo!
Parabéns!!!
E obrigada
Maravilhoso! Só vc pra escrever uma coisa dessas! O texto é leve ao mesmo tempo profundo , num palavreado gostoso de se ler e com muitas verdades ditas com seriedade de um modo suave! Adorei! Parabéns! Bjs!
Que esta bênção cubra toda a humanidade…